Venda de ativo não é só para sair do buraco – Mudanças de rumo na BRFS3, UGPA3, POMO4
2021年1月14日 - 8:45PM
Newspaper
Um ano inteiro de pandemia fez com que muitas empresas
repensassem seus rumos e tomassem decisões inesperadas. Lá fora,
por exemplo, a Disney começa a questionar se vale a pena continuar
a publicar os gibis do Homem-Aranha, Vingadores e
o resto da turma. Não seria mais lucrativo ficar apenas com os
filmes, séries e jogos? Sim, uma empresa que nasceu fazendo
quadrinhos pode parar de fazer quadrinhos.
Entendidos de administração vão falar sobre miopia empresarial e
que o negócio da Marvel não é quadrinhos, mas contar histórias. Ou,
para citar outro exemplo, como a Blockbuster não sabia que seu
negócio era levar entretenimento às pessoas, em vez de alugar
vídeo. Se você tem menos de 25 anos, peça para seus pais explicarem
o que eram “videolocadoras”.
Um exemplo mais triste é o das Indústrias Reunidas Matarazzo.
Eram mais de 350 negócios diferentes entre as décadas de 1950 e
1960. Seu tamanho era tal que, na época, dizia-se que o estado mais
rico do Brasil era São Paulo. O segundo, as Indústrias Matarazzo.
Hoje, do antigo império resta a marca de sabonetes Francis, vendida
para outra empresa em 2011, e alguns nomes espalhados pela cidade
de São Paulo. Como é o caso da Praça Conde Francesco Matarazzo
Junior, na Barra Funda. Antes de ser praça, era a fábrica onde os
Matarazzo produziam perfumes. E… inseticidas. E… pregos?
Entende a importância de saber para onde vai?
No Brasil, em 2021 algumas empresas só se ajustam um pouco,
outras pegam um grande desvio. Muita compra e muita venda. Algumas
vendas de ativos são tão importantes que empresas como a Petrobras
(BOV:PETR4) e a Vale (BOV:VALE3) vão à mídia para explicar o que e
por que estão vendendo. Quando foi a última vez que você viu nossas
empresas virem a público falar com os investidores, e não com os
clientes?
Por isso, são tão importantes eventos como o Visão 2030 da BRF
(BOV:BRFS3). Nele os executivos mostram o mapa que querem seguir na
década. E falaram coisas importantes:
- Primeiro: até 2030, 50% da energia consumida
pela BRF deve vir de usinas próprias, principalmente solares e
eólicas. Ou seja, uma das maiores empresas do Brasil vai passar dez
anos construindo usinas eólicas. Quem sabe um bom motivo para
pensar na Aeris (BOV:AERI3) a longo prazo?
- Segundo: 10% da receita em 2023 no Brasil
devem vir de produtos que ainda não existem, principalmente pratos
prontos. A BRF também descobriu que o brasileiro em geral, tirando
os times do São Paulo e Corinthians, consome pouco porco e vai
investir nisso.
- Terceiro: a empresa quer ampliar sua liderança
no mercado halal, ou seja, alimentos que podem ser consumidos por
muçulmanos. Na Turquia e Europa, uma das marcas líderes é a Banvit,
que pertence à BRF. A estratégia da marca é exportar mais para a
Europa. Já no Oriente Médio, a líder em alimentos islâmicos é a
Sádja. Conhece? Experimente tirar o acento. Ou seja, é um mercado
onde, cada vez mais, tudo vai acabar em esfiha.
Fonte: Divulgação.
- Quarto: vem aí uma onda de aquisições e
construção pelo mundo. A BRF quer exportar do Brasil cada vez
menos, e produzir localmente cada vez mais. Processadoras de
alimentos e fazendas devem pipocar no Oriente Médio, Europa e
América do Norte.
Ultrapar (BOV:UGPA3)
A empresa é um exemplo, pois promete tomar em 2021 quatro
caminhos diferentes, conforme o negócio:
- Vender: a Extrafarma. Em 2013, a Ultrapar
comprou a Extrafarma por um bilhão de reais. Na época, ela contava
com 200 lojas. Em 2016, eram 300. Em 2018, 400. Em 2019, lançou sua
marca própria de vitaminas e genéricos. Em 2021, a Ultrapar,
querendo focar em seu negócio de petróleo e gás, dedica uma canção
de Lulu Santos à Extrafarma: “Não imagine que te quero mal, apenas
não te quero mais”.
- Expandir: a rede de postos Ipiranga,
construindo bases de distribuição em Belém, Fortaleza, Vitória, no
Espírito Santo, e Cabedelo, na Paraíba. Além disso, promete focar
na construção de postos maiores, para gerar ganho de escala.
- Mudar: a rede Am-Pm. As pessoas aprenderam que
não precisam de uma loja de conveniência para comprar uma bobagem
no meio da noite. Podem pedir pelo celular. Por isso, o grupo testa
novas formas de lojas, aproximando do conceito de lanchonete,
tirando-as de dentro dos postos, abrindo unidades maiores em
rodovias.
- Jogar cara ou coroa: com a Oxiteno. Sabe
aqueles desenhos animados em que o personagem tem um anjinho e um
diabinho nos ombros? É a Ultrapar com a Oxiteno. Se você disser que
uma empresa de químicos não tem nada a ver com óleo e gás, está
certo. Se disser que tem tudo a ver, também está certo. Se vamos
apenas distribuir, não precisamos pesquisar. Parte das pesquisas da
Oxiteno é sobre novas formas de transporte de gás e óleo, o que
significar uma lucratividade muito maior. E você? Venderia ou
manteria a Oxiteno? Comenta aqui no fim desta matéria.
Marcopolo (BOV:POMO4)
A empresa desfez sua parceria com a indiana Tata Motors, abriu
mão da maior fábrica de ônibus do mundo para focar nos Veículos
Leves sobre Trilhos (VLT) da Marcopolo Rail. A empresa se apoia em
projeções de crescimento das cidades da América Latina e na busca
por alternativas menos poluentes. Brasil, México, Colômbia e Chile
são os mercados mais promissores nesse momento. Ou seja, a
Marcopolo busca ser sua própria alternativa, conforme a demanda por
ônibus diminui. O primeiro VLT já opera em Bento Gonçalves, Rio
Grande do Sul.
Então, na hora de escolher uma ação para sua carteira,
lembre-se: expandir pode ser bom ou ruim. Vender ativos pode ser
bom ou ruim. Pesquise e tente descobrir por que a empresa está
tomando aquela decisão. Seu bolso vai agradecer.
E ele vai agradecer também você ver este vídeo especial baseado
nesta matéria que você acabou de ler. Depois de assistir, não se
esqueça de deixar o seu joinha no vídeo, inscrever-se no canal e
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