Americanas: PF disseca hierarquia da fraude de R$ 25,3 bilhões na varejista
2024年7月3日 - 4:11AM
Newspaper
Ao requerer à Justiça Federal do Rio a abertura da Operação
Disclosure na última quinta-feira (27), a Polícia Federal dissecou
o que chamou de “hierarquia da fraude” de R$ 25,3 bilhões na
Americanas. Os dois alvos principais, o ex-CEO Miguel Gutierrez e a
ex-diretora Anna Saicali, são apontados pelos investigadores como
integrantes no primeiro e segundo escalões de ilícitos.
A Justiça Federal decretou a prisão preventiva de Gutierrez e
Anna. O ex-CEO foi preso em Madri na sexta (28), mas, no dia
seguinte, sua custódia foi revogada. Ele nega ligação com
fraudes.
Anna Saicali estava em Lisboa e retornou ao Brasil. A reportagem
do Estadão busca contato com a defesa.
Outros 14 ex-executivos da varejista são suspeitos de ligação
com as fraudes. Dois deles fecharam acordo de delação premiada com
o Ministério Público Federal.
“Enquanto a companhia ruía, a alta cúpula executiva empregava
todos os esforços em uma fraude que os tornaram milionários”,
aponta relatório subscrito pelo delegado André Gustavo Veras de
Oliveira, da Delegacia de Combate à Corrupção e Crimes Financeiros,
braço da PF no Rio.
Os achados sobre a “hierarquia da fraude” levaram a PF a
enquadrar os ex-executivos da Americanas por associação criminosa —
além de outros crimes sob suspeita. Os investigadores dizem que os
ex-diretores “se associaram para praticar o tipo penal de
manipulação de mercado por vários anos”.
Segundo a corporação, as fraudes na varejista (BOV:AMER3)
perpassam mais de uma década. Flávia Carneiro, delatora, indicou à
PF que, quando ingressou na varejista, em 2007, já identificou
fraudes. O pedido da chefia, contou, foi para que ela resolvesse o
problema “em doses homeopáticas” já que a empresa iria abrir o
capital.
Segundo Flávia, as fraudes contábeis eram uma realidade desde
aquela época, apesar de serem em um “montante demasiadamente
inferior”.
“O orçamento era uma meta a ser atingida e não refletia a
realidade. Essa meta era sempre baseada no ano anterior, que também
não era real e isso passou a virar uma bola de neve”, narrou Flávia
Carneiro, ex-superintendente da Americanas. Os investigadores
mapearam a dinâmica de poder na antiga cúpula da companhia. Eles
sustentam que outros funcionários sabiam dos ilícitos.
Os ex-executivos da varejista são investigados por inflarem o
resultado da companhia visando recebimento de bônus. O inquérito da
PF aponta que a alta diretoria tratava os resultados reais da rede
com a expressão “a vida como ela é”.
Em e-mails interceptados, a PF identificou, por exemplo, uma
planilha que indica que uma das empresas do grupo deu prejuízo de
R$ 209 milhões no primeiro trimestre de 2021. No entanto, o
resultado divulgado ao mercado foi de lucro de R$ 129,4
milhões.
“As notícias divulgadas ao mercado eram sempre num sentido
positivo, demonstrando números exorbitantes, sendo estes
completamente irreais e descolados da realidade”, afirma o delegado
André Gustavo Veras.
Segundo Veras, “nesse mesmo período, a companhia divulgava
resultados excepcionais de B2W, que na época era considerado um dos
grandes ‘cases’ de sucesso da Bolsa de Valores”.
Os e-mails são um ponto chave da Operação Disclosure. Centenas
de mensagens comprovam as fraudes contábeis na Americanas, destaca
representação da Polícia Federal à Justiça.
A corporação indica que a antiga cúpula da varejista recebia,
todos os meses, os resultados reais da empresa, tomavam
conhecimento do “refino dos números”, com a modificação dos
balanços, “elegiam um resultado fictício” e tomavam conhecimento do
resultado fraudado.
Como mostrou o Estadão, a antiga diretoria usava arquivos
batizados “verdes e vermelhos”, com expectativa de analistas de
mercado sobre o crescimento da empresa, como principal parâmetro
para maquiar os resultados financeiros da empresa.
Para operar os desvios, foram usados artifícios como fraudes em
operações de risco sacado – expediente no qual a empresa consegue
antecipar o pagamento a fornecedores por meio de empréstimo junto a
bancos.
Os federais identificaram ainda fraudes envolvendo contratos de
Verba de Propaganda Cooperada (VPC), incentivos comerciais que
geralmente são utilizados no setor. No caso das Lojas Americanas,
foram contabilizadas VPCs que nunca existiram, diz a PF.
Informações Infomoney
Americanas ON (BOV:AMER3)
過去 株価チャート
から 6 2024 まで 7 2024
Americanas ON (BOV:AMER3)
過去 株価チャート
から 7 2023 まで 7 2024